Lyle Menendez tem liberdade condicional negada pela justiça da Califórnia após 11 horas de audiência

Um dia após seu irmão, Erik Menendez, ter o pedido de liberdade condicional negado pela Justiça da Califórnia, Lyle Menendez, 57 anos, enfrentou a mesma decisão na noite de sexta-feira, horário local. Ambos cumprem pena de prisão perpétua pelo assassinato dos pais em uma mansão de Beverly Hills em 1989, crime que chocou os Estados Unidos e voltou a ganhar atenção com recentes documentários que exploram a possibilidade de abuso parental como motivação.
Embora a negativa seja semelhante à de Erik, a audiência de Lyle, realizada por videochamada e com duração de 11 horas, apresentou nuances. De acordo com a advogada de Lyle, Heidi Rummel, o órgão responsável pela decisão não focou tanto no trauma relatado pelos irmãos. Lyle, detido em San Diego, Califórnia, foi questionado sobre a influência do abuso sexual que alega ter sofrido no assassinato. "Me causou muita vergonha", declarou, descrevendo o impacto em seu relacionamento com o pai.
Lyle também divergiu das estratégias de defesa de seu irmão. Erik ouviu do comissário Robert Barton que o assassinato da mãe indicava falta de empatia e que não havia perigo iminente na ocasião, refutando a alegação de que agiram por medo de serem mortos pelos pais. Barton também sugeriu que a motivação financeira foi um fator no crime.
Ao abordar a relação com a mãe, Lyle revelou ter sido abusado sexualmente por ela, uma informação já apresentada nos anos 90. Ele admitiu não acreditar mais que seus pais o matariam, mas que na época possuía essa crença sincera.
A audiência ocorreu 36 anos após os irmãos dispararem contra seus pais, José Menendez, executivo da indústria musical, e Mary Louise Kitty. Os irmãos passaram por dois julgamentos, o primeiro em 1993, sem veredito e transmitido nacionalmente, e o segundo em 1996, quando foram condenados à prisão perpétua sem possibilidade de condicional.
Na época, a acusação sustentava que o crime foi motivado por uma herança de US$ 14 milhões, enquanto a defesa argumentava que os irmãos, então com 21 e 18 anos, eram vítimas de abuso sexual e psicológico por parte dos pais. O caso ganhou nova visibilidade com produções como a minissérie "Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez" e o documentário "O Caso dos Irmãos Menendez", ambos da Netflix.
Assim como Erik, Lyle foi questionado sobre seu histórico, incluindo roubos, compra de armas e preocupações financeiras. O uso ilegal de celulares na prisão também foi tema, uma violação citada para negar a liberdade condicional a Erik. Lyle justificou o uso dos aparelhos pela necessidade de privacidade nas ligações, temendo que funcionários vendessem informações para a imprensa.
Julie Garland, membro do conselho de liberdade condicional, embora tenha afirmado que Lyle ainda representa um risco, o incentivou a não perder as esperanças, classificando a negação como "não o fim". A maioria dos pedidos de liberdade condicional é rejeitada na primeira tentativa, apesar de um aumento nas concessões recentes devido a reformas na justiça criminal.
Em suas considerações finais, Lyle, visivelmente emocionado, declarou ao conselho que a decisão de matar seus pais foi exclusivamente sua e não de Erik. "Minha mãe e meu pai não precisavam morrer naquele dia", disse, expressando remorso. "Sinto muito a todos e me arrependerei para sempre."