Manga fica de fora de lista de exceções do tarifaço de Trump; fruta é o principal produto exportado pela Bahia aos EUA

A Bahia se prepara para um impacto significativo em seu setor de produção de manga, com a recente imposição de uma tarifa de 50% sobre importações brasileiras pelos Estados Unidos. Apesar de uma lista de mais de 80 produtos americanos isentos, a manga, principal item de exportação da Bahia para o mercado americano, não foi incluída nas exceções.
Dados divulgados pela Secretaria Estadual de Agricultura (Seagri) em 2024 reforçam a posição da Bahia como líder nacional na produção e exportação de manga, com um volume de 664 mil toneladas. Em 2023, o estado registrou R$ 860 milhões em exportações de manga, tendo como principais destinos os Países Baixos (39%), Estados Unidos (30%), Espanha (13%), Reino Unido (5%), Portugal (3%), Coreia do Sul (3%), Chile (2%), França (2%), Argentina (1%) e Itália (1%).
Luiz Roberto Barcelos, diretor Institucional da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), informou que os embarques de manga programados para o final deste mês foram suspensos devido à iminência da tarifa. Ele estima que cerca de 10 mil hectares de manga deixarão de ser exportados. "Há cerca de 70 mil hectares plantados com manga no Vale do São Francisco, em Petrolina e em Juazeiro, na Bahia, dos quais em torno de dez mil hectares são destinados à produção para exportação para os Estados Unidos. Esses pomares passam por um protocolo específico para poder exportar", explicou Barcelos.
O segundo semestre do ano é tradicionalmente um período forte para a produção e exportação de frutas do Vale de São Francisco, como manga e uva, além de melão e melancia da Chapada Diamantina. No entanto, a cadeia da manga apresenta uma dependência considerável do mercado americano. Em 2024, cerca de 7% do volume total de frutas exportadas pelo Brasil tiveram os EUA como destino, percentual que se eleva para 14% especificamente na produção de manga.
Apenas em junho, a Bahia exportou mais de R$ 302 milhões em produtos agropecuários para os Estados Unidos, conforme um recente relatório da Federação da Agricultura e Pecuária da Bahia (Faeb). A pesquisa da Faeb indica que as cadeias de silvicultura, cacauicultura e fruticultura em geral são as mais vulneráveis à nova tarifa, já que celulose, derivados de cacau (manteiga, gordura e óleo) e sucos de frutas lideram a pauta de exportações baianas para os EUA.
Os Estados Unidos representam o segundo maior parceiro comercial do setor agropecuário baiano, posicionando-se como um dos principais destinos das exportações do estado em junho, atrás apenas da China. O valor de mais de US$ 55 milhões em exportações para os EUA em junho demonstra a relevância desse mercado para as vendas externas do setor, que totalizaram US$ 491,5 milhões no mesmo mês.