Paulinho Moska: do Axé ao Dendê, o artista celebra a Bahia e a pluralidade da vida

Publicado em 14/08/2025 às 03:03:22
Paulinho Moska: do Axé ao Dendê, o artista celebra a Bahia e a pluralidade da vida

O cantor, compositor e ator Paulinho Moska, 57 anos, desembarca em Salvador nesta quinta-feira (14) para a abertura do Festival Palco Brasil, um projeto promovido pela CAIXA e pelo Governo Federal que celebra grandes nomes da Música Popular Brasileira. Mais do que um talento musical reconhecido há mais de três décadas, Moska revela uma profunda conexão com a Bahia, estado de origem de seus pais e que moldou sua trajetória.

Filho de baianos e com um "casamento" simbólico renovado com a benção de Carlinhos Brown no Carnaval de Salvador, Moska se autointitula "mestre das moquecas" entre amigos. Esse "dom" foi conquistado durante as férias de infância e adolescência passadas em Mata de São João, incluindo praias como Busca Vida.

"Eu tenho milhões de histórias sobre Salvador. Meus pais são baianos. Eu nasci no Rio, mas meu sangue é baiano, minha genética é baiana", conta o artista, que mantém a tradição de retornar de viagens com "isopor cheio de quitutes baianos". Sua afinidade com a culinária local se estende à criação da "Mosqueca", um prato tradicional em seu aniversário.

Na música, Moska foi testemunha privilegiada do nascimento do Axé Music na Bahia. "Pulei muitos carnavais, vi o Axé Music nascer diretamente na rua, na pipoca. Os primeiros trios de Luiz Caldas, o grupo Eva, Daniela, vi Chiclete", relembra, citando as fitas de músicas enviadas pelas primas para que ele chegasse "cantando e dançando".

Coerente com a constante transformação da música baiana, Moska pauta sua vida, dentro e fora dos palcos, na mudança contínua sem perder a essência. Ao ser questionado sobre quantas vidas possui, em referência a um de seus sucessos, o artista enfatiza a importância de apresentar "várias versões de si e se encontrar por diversas vezes".

"Eu acho que não só a minha vida, mas a vida de cada um de nós carrega muitas vidas, muitos fins e muitos recomeços", reflete. Para ele, a liberdade de ser "vários" é fundamental, contrapondo-se a qualquer forma de aprisionamento. "Acho que o retrato principal da minha carreira/obra/vida, é de estar o tempo inteiro procurando novidades através de uma curiosidade crônica que só melhora a minha relação com a vida."

Considerando-se de uma "geração anterior" em relação aos artistas que surgiram na última década, Moska valoriza a troca de experiências proporcionada por projetos como o Festival Palco Brasil. "Eu também já fui uma nova geração e fui abraçado por muitos de gerações antigas e depois reverenciado por gerações novas", destaca, descrevendo a música como construtora de uma "família paralela" baseada em admiração e aprendizado mútuo.

O artista, pai de dois filhos, se mantém conectado com a "nova geração" musical por meio deles e de suas apresentações em séries como o "Zoombido", no Canal Brasil. "Eu só posso agradecer esse abraço que lhe dão e o abraço que eu dei também, e que dou porque é isso, a música é uma mola, algo que impulsiona a vida de todo mundo. Ninguém vive sem música, a música é como o ar que a gente respira", conclui.

Com mais de 286 obras registradas no ECAD, Moska reafirma que a música é intrínseca à sua existência. "Se eu parar de compor, eu paro de viver. Para mim, não existe isso de parar de compor. Enquanto eu tiver vida, eu estou compondo."

Refletindo sobre a canção "A Seta e O Alvo", o artista compartilha sua interpretação sobre viver o agora. Sendo ateu, ele encontra na finitude da vida o incentivo para vivê-la com intensidade, amor e felicidade. "De concreto mesmo, só o agora. É no agora que a gente tem que colocar a intensidade da vida."

Com ingressos esgotados para suas apresentações em Salvador, Paulinho Moska promete um retorno em breve à capital baiana, reforçando seu carinho e compromisso com a região.