Presidente da Câmara descarta anistia ampla e irrestrita e critica atuação de Eduardo Bolsonaro no exterior

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou em entrevista à revista Veja que o cenário político atual não favorece uma anistia ampla, geral e irrestrita, termo utilizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro para defender a libertação do político, réu acusado de golpismo e sujeito a condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Lira expressou sua convicção de que há uma dificuldade considerável entre os parlamentares em aprovar tal medida, especialmente devido à gravidade de alegações como o planejamento de morte de pessoas. "Não sei se há ambiente para anistiar quem agiu dessa forma, penso que não", declarou o deputado.
Contudo, Lira ressaltou que a proposta de anistia "deve ser amplamente debatida", incluindo o conteúdo da medida e a possibilidade de sua votação em plenário. Para que seja pautada, a anistia, assim como o fim do foro privilegiado, precisa obter apoio da maioria no colégio de líderes, órgão responsável por definir a pauta de votações. Embora PL e centrão tenham um acordo para levar essas questões ao plenário, o PT, por exemplo, se posiciona contra.
"Quando tiver uma maioria construída, jamais essa presidência irá obstruir as pautas de votação", assegurou Lira, destacando que o colégio de líderes é o fórum apropriado para consenso. Ele minimizou a influência de iniciativas de obstrução recentes, como a tomada das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado por bolsonaristas, argumentando que a vasta maioria dos parlamentares não concorda com esse tipo de ação. Essa aliança entre centrão e PL visa pressionar pela votação de mudanças de foro e propostas para blindar congressistas contra ações do STF.
Arthur Lira também criticou a atuação de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) no exterior, que está licenciado do mandato e lidera uma campanha para que Donald Trump pressione autoridades brasileiras em favor do ex-presidente. "Não posso concordar com a atitude de um parlamentar que está fora do país, trabalhando muitas vezes para que medidas tragam danos à economia do país [de origem]. Isso não pode ser admitido", disse o presidente da Câmara, referindo-se a um "tarifaço". Ele complementou que, embora Eduardo possa defender suas convicções e a inocência de Bolsonaro, "nunca atentando contra o país". O caso de Eduardo Bolsonaro será analisado pelo Conselho de Ética, seguindo o rito normal.