PSDB prepara fusão com Podemos para tentar voltar ao jogo após definhar

Diante do prazo final para definir seu futuro, o PSDB se prepara para anunciar, em cerca de duas semanas, uma união com o Podemos, optando por uma estratégia de alianças com partidos menores após negociações de fusão com legendas maiores não prosperarem. O plano é realizar o processo em etapas, com a fusão inicial com o Podemos seguida pela formação de uma federação com o Solidariedade.
O objetivo central do PSDB é se revitalizar no cenário político e apresentar uma alternativa aos polos liderados por Lula e Bolsonaro. A estratégia visa preservar a identidade e a história do partido, evitando a absorção por siglas maiores.
A decisão, contudo, traz o risco de afastamento dos governadores Eduardo Leite (RS) e Eduardo Riedel (MS), que exigem maior robustez para as disputas eleitorais. A cúpula do PSDB busca convencê-los a permanecer, argumentando que a nova aliança proporcionará mais recursos financeiros e estrutura partidária do que outras opções, como Republicanos, MDB, PSD e PP.
Aécio Neves, presidente do Instituto Teotônio Vilela, defende a iniciativa como um "novo caminho para o centro democrático", visando atrair eleitores insatisfeitos com o "lulopetismo" e o "bolsonarismo".
O PSDB, que já foi protagonista na política nacional, sofreu um declínio, perdendo espaço para Bolsonaro na oposição ao PT e enfrentando denúncias da Operação Lava Jato contra seus líderes. O partido busca reverter a situação após um período de enfraquecimento, que culminou com um desempenho fraco nas últimas eleições.
Na busca por alternativas, o PSDB explorou diversas possibilidades de federação ou fusão, desde o PDT até MDB e PSD, mas esbarrou em obstáculos regionais e divergências ideológicas. A última tentativa foi com o Republicanos, mas a negociação não avançou devido à preferência deste em incorporar o PSDB.
O Podemos se mostrou aberto a uma reformulação, com a participação de economistas ligados ao PSDB na elaboração de um novo programa partidário. As conversas com o Republicanos não estão descartadas, mas seriam retomadas após a fusão com o Podemos, abrindo caminho para uma possível federação futura.
Aécio Neves acredita que a primeira etapa da negociação será concluída em abril, resultando em uma "nova alternativa ousada de centro" para o país. O novo partido, provisoriamente chamado #PSDB+Podemos e presidido por Renata Abreu, deverá posteriormente definir seu nome definitivo.
A federação com o Republicanos é vista como menos provável, tanto internamente quanto pelo próprio Republicanos, que prioriza sua autonomia.
A decisão de se aliar a partidos menores pode levar à saída de filiados em busca de maior estrutura eleitoral. Eduardo Leite é cotado para se filiar ao PSD, enquanto Riedel avalia um convite para ingressar no Republicanos, o que poderia levar consigo parte da bancada do PSDB na Câmara e um número significativo de prefeituras.
Apesar das possíveis perdas, o PSDB e o Podemos realizaram um estudo que aponta que a união resultará em mais recursos financeiros do que MDB e PSD, além de mais verbas públicas para as eleições do que o Republicanos. A expectativa é que a federação com o Solidariedade eleve a representação para 33 deputados federais, sete senadores e três governadores, visando conter a debandada e atrair novos parlamentares em 2026.