Senadores são alertados nos EUA de que lei anti-Rússia pode trazer impactos ao Brasil

Publicado em 30/07/2025 às 20:46:59
Senadores são alertados nos EUA de que lei anti-Rússia pode trazer impactos ao Brasil

Senadores brasileiros que estiveram em Washington nesta semana relataram preocupações levantadas por empresários e parlamentares de oposição e aliados do governo sobre uma possível aprovação de lei anti-Rússia no Congresso americano, que poderia impor sanções ao Brasil.

Um projeto de lei apresentado em abril nos Estados Unidos prevê a aplicação de uma sobretaxa de até 500% sobre produtos importados de países que continuam a negociar com a Rússia. Esta medida faz parte de um pacote mais amplo de sanções econômicas destinadas a pressionar nações e empresas que mantêm relações comerciais com Moscou, em meio ao conflito na Ucrânia, com o objetivo de enfraquecer a economia russa.

O Brasil estaria sujeito a sanções devido à importação de produtos russos, como petróleo bruto. Senadores brasileiros expressaram o temor de que o país seja afetado também pela importação de fertilizantes da Rússia, um setor crucial para o agronegócio brasileiro.

A senadora Tereza Cristina destacou a importância do tema para futuras discussões no Brasil, mencionando o "óleo", um ponto de atenção tanto para democratas quanto para republicanos nos EUA. O senador Carlos Viana enfatizou que a decisão final caberá ao Congresso americano, ressaltando que a aprovação de uma lei com sanções automáticas para países que negociam com a Rússia é uma questão de firmeza entre republicanos e democratas, independentemente do presidente.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner, informou que os senadores brasileiros alertaram seus colegas americanos sobre o potencial impacto negativo das sanções no agronegócio do Brasil, lembrando que 30% dos fertilizantes importados pelo país vêm da Rússia. Ele também esclareceu que a compra de combustíveis russos é feita por empresas privadas, não pelo governo brasileiro.

O senador Lindsey Graham, um dos autores da proposta, explicou que a lei concederia ao presidente dos EUA flexibilidade para ajustar a tarifa. O projeto, embora ainda não tenha sido aprovado por nenhuma comissão, sinaliza uma possível intensificação das sanções.

As conversas fizeram parte da agenda de oito senadores brasileiros em Washington, visando fortalecer os canais de comunicação com os americanos. No entanto, de nove encontros com parlamentares dos EUA, apenas um foi com um republicano, indicando que a mensagem não encontrou eco entre os aliados do ex-presidente Trump. O senador republicano Thom Tillis foi o único com quem a comitiva brasileira se reuniu.

Os parlamentares brasileiros não agendaram encontros com o Executivo americano, o que limita as chances de acordos. Os demais democratas com quem tiveram contato foram Martin Heinrich, Ed Markey, Tim Kaine, Mark Kelly, Chris Coons, Michael Bennett, Jeane Shaheen e a deputada Sydney Kamlager-Dove.

A agenda foi mantida em sigilo preventivamente devido a temores de interferências, com o deputado Eduardo Bolsonaro tendo declarado que agiria contra os encontros. Segundo relato de um membro da comitiva, pelo menos duas reuniões foram prejudicadas por atuações que teriam rotulado os parlamentares brasileiros de "golpistas", embora a fonte tenha evitado identificar os responsáveis.