Sucessão em Empresas Familiares: Desafios e o Papel Crucial de Conselheiros para a Perenidade

Publicado em 18/08/2025 às 12:35:49
Nota Baiana

A saúde das empresas familiares está intrinsecamente ligada à economia brasileira. A análise das maiores companhias do país evidencia o peso desses grupos na geração de riqueza e empregos. Na Bahia, por exemplo, mais da metade das 17 empresas baianas listadas na Exame Melhores e Maiores 2024 são de controle familiar.

Essas corporações, geridas por membros da mesma família, compartilham vantagens como clareza de valores, visão de longo prazo e atenção aos públicos de interesse. Contudo, enfrentam desafios significativos, especialmente na condução da sucessão, garantindo que os princípios originais se mantenham ao longo das transformações tecnológicas e de contexto.

**O desafio da longevidade:** Um estudo do Banco Mundial aponta que apenas 15% das empresas familiares sobrevivem à terceira geração. Pesquisas recentes, como a do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) em 2024, indicam que a falta de planejamento sucessório é o principal obstáculo. Questões como herança, divisão societária, disputas de poder e diferentes visões de negócio e de mundo impactam diretamente esse processo.

A transição de uma empresa centralizada na figura do fundador para uma "sociedade de primos", como define o economista Daniel Augusto Motta, é complexa. Uma pesquisa da KPMG (2023) com 100 empresas familiares brasileiras revelou que apenas 15% das lideranças consideram a próxima geração pronta para a gestão. O conhecimento interno da empresa (59%) é mais valorizado que a formação técnica formal (25%) na escolha de sucessores.

**O papel de consultores e conselheiros:** A colaboração com profissionais externos é fundamental, tanto para o processo sucessório quanto para a gestão geral. Consultores e conselheiros independentes atuam como elo entre os interesses familiares, as estratégias empresariais e as demandas do mercado. Livres de pressões emocionais, eles auxiliam na perenidade do negócio.

Monika Conrads, conselheira experiente, destaca que em empresas jovens, o conselheiro atua como "educador", introduzindo boas práticas sem desrespeitar a cultura familiar. Em companhias maduras, a função é garantir a evolução da governança e a inovação sem perder a essência.

No que diz respeito à sucessão, conselheiros ajudam as famílias a planejar antecipadamente e de forma estruturada, preparando herdeiros ou auxiliando na escolha de executivos externos alinhados aos valores da organização.

**Governança para todas as empresas:** A implementação de estruturas, regras e processos de governança não é exclusiva para grandes empresas familiares. Pequenas e médias também se beneficiam enormemente, profissionalizando a gestão, melhorando a tomada de decisões, atraindo investimentos, acessando mercados internacionais, aumentando a transparência e fortalecendo a reputação. Isso resulta em vantagens competitivas, crescimento sustentável, geração de empregos e desenvolvimento do país.

*Roberta Carneiro é advogada especializada em Sistema de Integridade/Compliance, Governança Corporativa, Ética Empresarial, Diversidade & Inclusão (D&I) e sustentabilidade. Conselheira certificada em CCoAud+ IBGC. Sócia-fundadora da Consultoria Eticar. Atua como Conselheira de Administração, exercendo a função de membro independente, em Comitê de Auditoria, Comitê de Ética, Comitê de Risco, Comitê de Governança e Comitê ESG. Coordenadora da Comissão de Ética e Integridade do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) 2023-2024. Coordenadora-geral do IBGC Capítulo Bahia. Mestre em Direito, pós-graduada em Direito Público, com especializações em Compliance e Criminal Compliance. Especialista em Materialidade conforme as normas e padrões GRI 2021, IFRS e ODS, certificada internacionalmente pela Global Reporting Initiative (GRI) para Relato de Sustentabilidade.*