Supermercados Alertam Governo: Tarifaço dos EUA Pode Custar US$ 40 Bilhões e Derrubar PIB

Publicado em 09/08/2025 às 14:06:01
Supermercados Alertam Governo: Tarifaço dos EUA Pode Custar US$ 40 Bilhões e Derrubar PIB

O Fórum da Cadeia Nacional de Abastecimento (FCNA), representando associações de supermercados, supermercados e outros setores do agronegócio e da indústria, enviou um relatório contundente ao governo federal alertando sobre as severas consequências do recente "tarifaço" imposto pelos Estados Unidos ao Brasil. A sobretaxa de 50% pode gerar um prejuízo de US$ 40,4 bilhões para a economia nacional em 12 meses, reduzindo o crescimento do PIB em 1,8 ponto percentual e impactando negativamente as projeções para 2025, que cairiam de 3,2% para 1,3%.

O estudo, ao qual a Folha de S.Paulo teve acesso, aponta a indústria de transformação como o setor mais vulnerável, com potencial retração de até 5,6 pontos percentuais no cenário mais grave. A agropecuária e a indústria extrativa, por sua maior flexibilidade em encontrar outros mercados, tendem a sofrer menos.

As projeções também são sombrias para a arrecadação federal, com perdas de até 2% no curto prazo, e para o mercado de trabalho. O relatório estima a perda de 179 mil empregos em até seis meses após a entrada em vigor das tarifas, podendo chegar a 287 mil postos no médio prazo (18 a 36 meses).

"O FCNA manifesta sua profunda preocupação com os impactos econômicos e sociais potenciais, em especial sobre setores que lideram as exportações brasileiras de alimentos, bebidas e insumos industriais, como café, carnes, frutas e derivados agroindustriais", destaca o documento, entregue na última quinta-feira (8) ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a oito ministros.

Para mitigar os efeitos do "tarifaço", o Fórum propõe um pacote de medidas focadas no fortalecimento do mercado interno. Entre as sugestões estão a antecipação da cesta básica nacional de alimentos com isenção tributária total, a aceleração da redução da taxa Selic e ampliação do crédito produtivo, além de desoneração e simplificação das contratações formais, com especial atenção às pequenas e médias empresas.

O setor também demanda a criação de um programa emergencial de apoio aos setores mais afetados, incluindo refinanciamento de passivos e compra pública de excedentes de produção. Medidas fiscais estruturantes, com foco no equilíbrio orçamentário, também são solicitadas.

O Fórum acredita que a adoção coordenada dessas ações poderá neutralizar grande parte dos efeitos recessivos e da perda de empregos previstos. Contudo, o cenário diverge das expectativas de economistas consultados pelo Banco Central. O Boletim Focus da última segunda-feira (4) indicou queda na previsão da inflação e manteve as expectativas para o PIB, dólar e taxa de juros deste ano. A projeção para o PIB em 2025 segue em 2,23%, enquanto as previsões para a inflação se mantiveram no limite da meta.

O relatório é endossado por um amplo conjunto de 15 importantes instituições do setor produtivo brasileiro, incluindo Abras, Abad, Abag, Abia, Abic, Abipla, Abir, ABPA, Abralatas, Abralog, Abramilho, Abre, Andav, ANR e CropLife Brasil.