Tarifas dos EUA beneficiam agro do Brasil e demandam atenção da indústria, diz Alckmin

O vice-presidente Geraldo Alckmin, também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, avalia que a disputa comercial entre Estados Unidos e China pode impulsionar o agronegócio brasileiro, dada a forte relação comercial com o país asiático. Contudo, alertou para a necessidade de atenção com a indústria nacional.
Durante evento da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), Alckmin defendeu o diálogo e o multilateralismo como caminhos para o livre comércio. Ele ressaltou a importância da relação comercial com os EUA, especialmente no setor industrial, que exporta produtos de maior valor agregado.
O vice-presidente tem buscado demonstrar aos americanos que o Brasil não representa um problema comercial para os EUA, que inclusive possuem superávit na balança comercial bilateral. Ele vislumbra oportunidades de complementaridade econômica em diversas áreas.
Em abril, o Brasil foi impactado por uma tarifa linear de 10% sobre as exportações para os EUA, além das tarifas de 25% sobre importações de aço e alumínio. Diante desse cenário, o governo brasileiro não descarta recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC), mas prioriza as negociações em curso.
O governo Lula iniciou as tratativas com representantes americanos antes mesmo da implementação das tarifas, mantendo contato tanto em nível ministerial, liderado por Alckmin, quanto em nível técnico. Em março, Alckmin liderou uma videoconferência com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, e com Jamieson Greer, do Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR).
Alckmin tem enfatizado a disposição do Brasil em negociar, destacando a importância do comércio exterior como um cenário de "ganha-ganha". Ele citou o exemplo da cadeia do aço, onde o Brasil é o terceiro maior comprador de aço siderúrgico americano, exportando produtos semielaborados que são transformados em produtos de maior valor agregado nos EUA.
A estratégia dos negociadores brasileiros em Washington inclui destacar a baixa tarifa efetiva aplicada pelo Brasil a produtos americanos, de apenas 2,7%. Ao ser questionado sobre as demandas do setor madeireiro, Alckmin se mostrou disponível para discutir o tema, ressaltando que as barreiras para importação nos EUA vão além das tarifas.