Técnico português Marco Vasconcelos lidera revolução no badminton brasileiro com conquistas inéditas

Muito antes dos técnicos portugueses conquistarem o futebol brasileiro, o badminton já apostava em um treinador luso para elevar o nível da modalidade no país. Marco Vasconcelos, ao comandar a seleção nos Jogos Pan-Americanos Júnior, viu a delegação brasileira subir ao pódio em três oportunidades: ouro nas duplas mistas (Davi Silva e Juliana Vieira), prata no individual feminino (Juliana Vieira) e prata no individual masculino (Deivid Silva).
**Uma "Revolução Portuguesa" no Brasil**
Marco Vasconcelos desembarcou no Brasil em 2013, com o objetivo de iniciar um ciclo que culminaria nos Jogos Olímpicos Rio 2016, e permanece no país desde então. "O que me fez vir para o Brasil foi o projeto, o desafio de mudar o badminton do Brasil. Aceitei o desafio sabendo que seria interessante. O que tentamos introduzir nestes anos foi este tipo de treinamento, de jogo, uma mescla da Europa com a Ásia, e tem dado resultado", declarou Marco à reportagem.
Segundo o treinador, quando ele chegou, os atletas apresentavam um déficit técnico, tático e físico considerável. Atualmente, todas essas áreas foram aprimoradas, não apenas na seleção, mas também nos clubes, o que contribui para o aumento do nível competitivo dos atletas brasileiros.
Os resultados recentes no badminton nacional são notórios. Na edição dos Jogos Olímpicos do Rio, o Brasil teve seu primeiro representante na modalidade, Ygor Coelho. Em Tóquio, ele se tornou o primeiro brasileiro a vencer um jogo olímpico.
Em abril deste ano, Juliana Viana conquistou o ouro no Campeonato Pan-Americano de Badminton, marcando a primeira vez que uma atleta brasileira venceu o continental na chave individual feminina. Seu desempenho a levou a ser escolhida como porta-bandeira da delegação brasileira na Cerimônia de Abertura do Pan Júnior.
"Em relação ao que temos nesta quinta-feira (14), é um time com muito mais talento. Tirando o Ygor Coelho, que foi o ponto mais alto do badminton do Brasil, temos atletas em várias disciplinas, não só na simples. Temos aqui um lote de atletas com quem se pode fazer um bom trabalho neste próximo ciclo, e é isso que espero: ter atletas top 30. Uma das nossas prioridades é levar a Juliana [Viana] ao top 30", afirmou Vasconcelos.
**A Origem da Ligação com o Badminton Brasileiro**
A conexão de Marco com o badminton brasileiro tem suas raízes em Daniel Paiola, atleta brasileiro que conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan de Guadalajara em 2011 e a de prata em Toronto em 2015. "Teve um atleta, o Daniel Paiola, que foi treinado por mim depois de eu terminar a minha carreira. Joguei as Olimpíadas de Pequim e decidi parar. Alguns amigos meus do Brasil pediram-me ajuda para treinar um garoto que, à época, tinha 17 anos", explicou Marco.
"O Daniel Paiola, tinha um sonho de ser Olímpico e foi lá para Portugal. Ele teve um ano, teve alguns resultados expressivos, e a partir daí surgiu o convite. Realmente, quis fazer algo pelo Brasil, e acho que estamos conseguindo isso", completou.
O português, que também foi atleta de badminton e realizou o sonho de participar dos Jogos Olímpicos, encontrou no esporte um refúgio e, posteriormente, uma fonte de esperança. "Quando eu tinha seis anos, um professor me viu passando no trajeto da escola e me chamou para experimentar um novo esporte. Entrei e vi o badminton. Eu vinha de uma família muito problemática, com um pai com problemas de álcool e irmãos envolvidos com drogas. O badminton foi um refúgio. Comecei a fazer os primeiros torneios nacionais, depois na Europa. E a partir daí era o sonho de ser olímpico. Comecei em um projeto de alto rendimento já aos 18 anos e realizei meu sonho já velhinho, aos 28 anos", relembrou Marco Vasconcelos.
Marco busca transmitir aos seus atletas a bagagem de experiência que adquiriu como competidor. "Eu era muito bom fisicamente, tecnicamente, mas, taticamente, não. E é isso que passo aos meus atletas. Eles não têm que, às vezes, esperar sete, oito anos para serem bons atletas. Têm de trabalhar a parte mental. E assim foi."