"Venezuelano morto de fome": Meia do São Paulo é acusado de xenofobia por atleta do Talleres na Libertadores

Publicado em 28/05/2025 às 11:22:50
"Venezuelano morto de fome": Meia do São Paulo é acusado de xenofobia por atleta do Talleres na Libertadores

A noite da última terça-feira (27) no MorumBis, durante a partida entre São Paulo e Talleres pela Libertadores, foi marcada por uma grave acusação de xenofobia. O lateral-esquerdo venezuelano Miguel Navarro, do clube argentino, alegou ter sido alvo de um insulto preconceituoso proferido pelo meio-campista paraguaio Damián Bobadilla, do Tricolor, no segundo tempo do confronto.

O episódio ocorreu nos minutos finais do jogo. Jogadores do Talleres se revoltaram contra Bobadilla e o cercaram. Navarro, visivelmente emocionado, chegou a tentar sair de campo chorando e precisou ser acalmado pelo árbitro Piero Maza para continuar na partida.

Logo após o apito final, Navarro se manifestou brevemente na saída de campo, mas de forma incisiva. "Não quero falar, ele sabe o que disse. Foi com Bobadilla. Não quero falar do jogo", declarou o atleta venezuelano.

Na zona mista, o jogador detalhou a ofensa que teria ouvido, afirmando que Bobadilla o chamou de "venezuelano morto de fome". Navarro também utilizou suas redes sociais para fazer um desabafo contundente. Em um storie no Instagram, publicou: "Queria eu ter, em minhas mãos, a solução para a fome que vive meu país. Espero que Deus me dê abundância para poder ajudar. Não creio que possa fazer muito contra a pobreza mental." Ele completou em outra publicação: "Nunca me envergonharei das minhas raízes. Vou até as últimas consequências contra o ato de xenofobia que vivi hoje no Brasil por parte de Damían Bobadilla. No futebol, não há espaço para discursos de ódio."

O Talleres, por sua vez, emitiu uma nota oficial demonstrando solidariedade ao seu jogador. O clube argentino declarou que "Se solidariza profundamente com Miguel e sua família neste momento. Como instituição, nos manifestamos contra qualquer forma de discriminação. Não há lugar para ódio no futebol."

Após o término da partida, Miguel Navarro compareceu ao Juizado Especial Criminal, instalado no próprio estádio, para registrar um boletim de ocorrência sobre o caso. Paralelamente, policiais militares dirigiram-se ao vestiário do São Paulo em busca de Bobadilla, mas foram informados que o jogador já havia deixado o MorumBis.

Até o momento, nem Damián Bobadilla nem o São Paulo Futebol Clube se manifestaram oficialmente sobre a acusação de xenofobia.