Vídeo de humorista expõe exploração sexual infantil e dispara denúncias à SaferNet

As denúncias de abuso e exploração sexual infantil registradas pela SaferNet Brasil apresentaram um aumento expressivo de 114% após a publicação de um vídeo do influenciador e humorista Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. O material viral, que acumula mais de 38 milhões de visualizações desde sua postagem em 6 de agosto, expõe as táticas de criadores de conteúdo que monetizam vídeos com temática sexual envolvendo crianças e adolescentes nas redes sociais.

No período entre a publicação do vídeo e a madrugada desta terça-feira (12), a SaferNet recebeu 1.651 denúncias únicas, em comparação com as 770 registradas no mesmo período do ano anterior. Essa elevação significativa, segundo o presidente da ONG, Thiago Tavares, está diretamente ligada à repercussão do trabalho de Felca, que reacendeu o debate nacional sobre o abuso sexual infantil online e incentivou a população a denunciar.

O vídeo destacou práticas já apontadas pela SaferNet, como o uso do aplicativo Telegram para a distribuição e comercialização de conteúdo de abuso sexual infantil, além do emprego de siglas, acrônimos e emojis para disfarçar negociações e atrair vítimas. Um exemplo citado é a sigla "cp" (child porn), frequentemente encontrada em grupos voltados para a troca e venda desse material ilícito.

A ONG ressalta que prefere o termo "exploração sexual de crianças e adolescentes" em vez de "pornografia infantil", por considerar que a primeira denominação abrange a gravidade total dos crimes, que incluem estupro e abuso.

As denúncias anônimas recebidas pela SaferNet passam por um processo de filtragem e eliminação de duplicidades antes de serem encaminhadas ao Ministério Público Federal. O MPF, por sua vez, avalia o mérito das denúncias e, havendo indícios de crime, inicia as investigações civis e criminais cabíveis.

Fundada em 2005, a SaferNet Brasil dedica-se à promoção dos direitos humanos na internet, operando canais de denúncia e oferecendo suporte a vítimas de crimes virtuais, além de desenvolver projetos de educação para a cidadania digital.