Wagner Moura critica falta de incentivo público ao teatro baiano, mesmo com sucesso em Hollywood

O aclamado ator baiano Wagner Moura, protagonista de "O Agente Secreto", filme que representará o Brasil na disputa por uma vaga no Oscar 2026, expressou preocupação com a escassez de incentivos públicos para a cena cultural, em especial para o teatro.

Em coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (22), em Salvador, onde se prepara para estrear em outubro a peça "Um julgamento - depois de Um Inimigo do Povo", Moura relembrou a "época muito positiva" para o teatro profissional da Bahia na década de 1990. "Essa época era durante o governo de Antônio Carlos Magalhães e isso me dá uma angústia muito grande", confessou o artista.

Embora tenha ressaltado não querer "criar polêmica", o ator defendeu que governos, especialmente os de esquerda, deveriam priorizar o fomento à cultura, com foco no teatro profissional baiano. "Eu me formei e eu existo como artista porque, justamente na minha configuração astrológica, calhou de eu viver uma época de ebulição no teatro da Bahia, em que eu pude ver Carmen Paternóster, de Olívio Kekute, Márcio Nerélia, Fernando Guerreiro, essas pessoas trabalhando no seu potencial mais alto", detalhou.

Moura lamentou que jovens atores de Salvador tenham São Paulo ou Rio de Janeiro como referência, considerando isso "ruim para a autoestima do teatro baiano e, sobretudo, para a sobrevivência profissional dos atores que vivem de teatro".

O ator criticou a atual sequência de governos do PT, afirmando que "não tem feito o que deveria estar sendo feito". "O teatro popular da Bahia, eu sinto que está abandonado e que precisa que se olhe para isso", alertou.

Wagner Moura retornará aos palcos baianos a partir de 3 de outubro com "Um julgamento - depois de Um Inimigo do Povo", integrando a programação itinerante do Centro Cultural Banco do Brasil em Salvador. A venda de ingressos para a peça inicia nesta quarta-feira (24).