Israel aprova plano para conquistar Gaza e forçar saída de civis palestinos

O gabinete de segurança de Israel aprovou, nesta segunda-feira, um plano para expandir a ofensiva na Faixa de Gaza, intensificando o conflito e, potencialmente, resultando na ocupação completa do território. A iniciativa, que levanta sérias preocupações sobre uma possível limpeza étnica, foi anunciada em meio a uma crescente crise humanitária e à pressão internacional por um cessar-fogo.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu declarou que a guerra em Gaza "será intensificada", com as forças israelenses buscando manter o controle territorial, em vez de realizar incursões e recuos. Paralelamente, o exército israelense mobilizou milhares de reservistas para ampliar a ofensiva, visando, segundo justificativa oficial, proteger a população civil ao deslocá-la para o sul.
O plano, aprovado por unanimidade pelo gabinete, será implementado gradualmente ao longo de vários meses, começando com ações concentradas em áreas já devastadas de Gaza. Estima-se que mais de 70% do território esteja atualmente sob controle israelense. A ofensiva, denominada "Carruagens de Gideon", expande os objetivos declarados de Israel, buscando não apenas a destruição do Hamas, mas também a tomada permanente de Gaza.
A possibilidade de uma reocupação direta de Gaza, de onde Israel se retirou em 2005, gerou críticas da comunidade internacional. A ONU, por meio de seu secretário-geral, António Guterres, alertou para o risco de um aumento no número de mortes de civis e na destruição do território, reiterando que Gaza deve permanecer parte integral de um futuro Estado palestino.
Enquanto isso, o ministro do gabinete de segurança, Zeev Elkin, sugeriu que a operação pode abrir uma "janela" para negociações de cessar-fogo e libertação de reféns antes da visita do presidente dos EUA, Donald Trump. No entanto, Netanyahu reafirmou seu apoio à ideia de Trump de promover a "emigração voluntária" dos habitantes de Gaza para países vizinhos, uma proposta já rejeitada por Jordânia e Egito.
Famílias de reféns criticaram o plano, afirmando que ele "sacrifica os reféns" em favor do controle territorial. O Hamas, por sua vez, condiciona a libertação de reféns a um acordo que encerre a guerra e a presença militar israelense em Gaza.
Em meio à crescente pressão internacional, Israel ainda não apresentou um plano claro para o futuro de Gaza após o conflito. A guerra já resultou na morte de mais de 52 mil palestinos e no deslocamento da maioria dos 2,3 milhões de habitantes do território.
Organizações humanitárias, como o Conselho Norueguês para Refugiados (NRC), denunciam que Israel está exigindo que a ONU e ONGs entreguem ajuda por meio de centros controlados pelo exército israelense, o que comprometeria os princípios humanitários. O bloqueio completo de Gaza, que já dura mais de 60 dias, tem levado a população palestina a níveis "catastróficos" de fome e a uma grave crise humanitária. A Anistia Internacional classificou a duração do bloqueio como mais uma prova "da intenção genocida de Israel" e pediu que países europeus e os EUA pressionem Tel Aviv para que a ajuda humanitária volte a entrar no território palestino.