Putin propõe e Zelenski aceita encontro na Turquia para negociação de paz

Publicado em 11/05/2025 às 23:47:14
Putin propõe e Zelenski aceita encontro na Turquia para negociação de paz

O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, aceitou a proposta de seu homólogo russo, Vladimir Putin, para negociar a paz na guerra no Leste Europeu em conversas a serem realizadas na Turquia.

Este desenvolvimento marca o ponto mais próximo que os líderes dos dois países chegaram de um acordo desde a invasão russa em fevereiro de 2022, um confronto que se tornou o mais grave entre a Rússia e o Ocidente desde a Crise dos Mísseis de Cuba em 1962.

Putin havia proposto as conversas em Istambul já na quinta-feira, conforme comunicado do Kremlin televisionado no domingo. No entanto, o líder russo condicionou as negociações à ausência de pré-condições. Ele agradeceu a esforços de mediação de países como China, Brasil, nações africanas e do Oriente Médio, e os EUA, ao mesmo tempo em que acusou autoridades ucranianas e seus "curadores" de serem guiados por ambições políticas pessoais em vez dos interesses de seus povos.

A aceitação de Zelenski veio após pressão do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Trump inicialmente celebrou a proposta como um "dia potencialmente grandioso", mas depois expressou dúvidas, sugerindo que Putin desejava apenas a reunião e não um cessar-fogo imediato.

Antes de confirmar sua participação, Zelenski indicou no X (anteriormente Twitter) que o aceno russo poderia significar que Moscou considerava o fim do conflito, mas enfatizou a necessidade de uma trégua como primeiro passo crucial. Ele exigiu um cessar-fogo "total, duradouro e confiável" a partir de 12 de maio.

Essa demanda por um cessar-fogo incondicional de 30 dias, sob ameaça de novas sanções, foi apoiada por líderes de grandes potências europeias que se encontraram com Zelenski em Kiev na véspera, incluindo os presidentes da França (Emmanuel Macron) e os primeiros-ministros da Alemanha (Friedrich Merz), Polônia (Donald Tusk) e Reino Unido (Keir Starmer).

Ao confirmar sua presença em Istambul, Zelenski reiterou a urgência de um cessar-fogo. "Não faz sentido prolongar os assassinatos. Estarei esperando por Putin na Turquia na quinta. Pessoalmente, espero que desta vez os russos não procurem desculpas", escreveu ele no X.

Comentando a proposta após retornar da Ucrânia, o presidente francês Emmanuel Macron a descreveu como "um primeiro passo, mas não é suficiente", reforçando que um cessar-fogo incondicional não é, por definição, precedido por negociações.

Em seu discurso matinal, Putin rejeitou o que chamou de "ultimatos" europeus, alegando que a Rússia já havia proposto tréguas antes (incluindo na Páscoa e para o aniversário da vitória na Segunda Guerra Mundial) e que a Ucrânia as violou. Ele afirmou que a Ucrânia atacou a Rússia com 524 drones aéreos, 45 drones marítimos e vários mísseis ocidentais durante a última trégua unilateral de Moscou, concluída no sábado. A agência Tass citou o Ministério da Defesa russo, que alegou mais de 14 mil violações ucranianas da trégua de três dias e cinco tentativas de romper a fronteira sul russa.

Kiev, por sua vez, não relatou lançamentos de mísseis de longo alcance russos recentes, mas acusa Moscou de centenas de violações na linha de frente.

Apesar da proposta de negociações, a Rússia lançou um ataque com drones contra Kiev e outras regiões da Ucrânia neste domingo, ferindo uma pessoa nos arredores da capital e danificando várias residências, segundo autoridades locais.