Servidores do Ministério da Cultura decidem entrar em greve a partir de terça

Servidores do Ministério da Cultura (MinC) decidiram deflagrar greve por tempo indeterminado a partir da próxima terça-feira (28), motivados pela demanda de reestruturação da carreira, visando a valorização dos profissionais e a criação de um plano de carreira. A categoria alega que o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) tem dificultado o avanço das negociações para a melhoria das condições de trabalho.
De acordo com Ruth Vaz Costa, da Confederação dos Trabalhadores do Serviço Público Federal (Condsef), a paralisação não é motivada por inação do MinC, mas pela falta de respostas do MGI à proposta de reestruturação da carreira da Cultura. Segundo ela, o MGI tem ignorado os pedidos de diálogo feitos por associações e sindicatos.
Os servidores reivindicam o cumprimento de acordos passados e a implementação de um plano de carreira. A Condsef afirma que uma proposta de reestruturação foi entregue pela ministra da Cultura, Margareth Menezes, à ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, no ano passado, mas desde então, seis reuniões foram agendadas e adiadas pelo MGI.
O Ministério da Cultura, em nota, declarou que respeita a mobilização dos servidores e suas reivindicações, e que tem trabalhado em conjunto com o MGI no projeto de plano de carreira. A pasta reafirmou o compromisso com a valorização dos trabalhadores da cultura, mencionando a entrega de uma proposta de carreira à ministra Esther Dweck em agosto do ano passado.
A greve abrangerá servidores do MinC e de seus escritórios regionais, além de entidades vinculadas como Iphan, Ibram, Fundação Biblioteca Nacional e Funarte. A paralisação foi aprovada no Distrito Federal e em pelo menos 14 estados.
A disparidade salarial é um dos pontos de destaque na reivindicação dos servidores da Cultura. Um profissional em topo de carreira no MinC recebe R$ 9.728, enquanto em outras carreiras do serviço público federal, como a de analista em infraestrutura do DNIT, os salários podem chegar a R$ 21.886.
Além da questão salarial, os profissionais da cultura também apontam para a sobrecarga de trabalho devido à redução no quadro de pessoal nos últimos anos. Entre 2014 e 2023, o Ministério da Cultura teve uma queda de 36,6% em sua força de trabalho, um índice superior à redução geral de 7,8% no quadro de profissionais do setor público federal no mesmo período.