Ataques de drones ucranianos e russos marcam 34 anos de independência da Ucrânia em meio a impasses diplomáticos

Neste domingo (24), dia em que a Ucrânia celebra 34 anos de independência da União Soviética, uma série de ataques com drones por parte de Kiev contra a Rússia marcou a data. Os incidentes ocorrem em um momento delicado para os esforços diplomáticos de paz, que parecem enfraquecer após uma cúpula no Alasca não gerar acordos concretos.
O Ministério da Defesa da Rússia informou ter abatido ao menos 95 drones ucranianos. Um desses artefatos teria atingido a Usina Nuclear de Kursk após ser interceptado, provocando um incêndio já controlado pelos bombeiros. Não houve vítimas e os níveis de radiação nas proximidades da usina permanecem normais, segundo o órgão de fiscalização nuclear da ONU.
Paralelamente, a Ucrânia relatou ter sido alvo de um míssil balístico e 72 drones Shahed de fabricação iraniana durante a manhã. A força aérea ucraniana conseguiu interceptar 48 desses drones. Um dos drones russos resultou na morte de uma mulher de 47 anos na região de Dnipropetrovsk, segundo o governador local.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, comentou os ataques: "É assim que a Ucrânia ataca quando seus apelos por paz são ignorados." Ele destacou que, embora a Ucrânia ainda não tenha vencido completamente, "certamente não perderá", pois garantiu sua independência e se vê como uma "lutadora" e não uma "vítima". Zelenski reiterou que uma reunião com o presidente russo, Vladimir Putin, seria o "caminho mais eficaz" para encerrar o conflito, uma possibilidade descartada pelo ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov.
A cúpula que reuniu Donald Trump e Vladimir Putin no Alasca, realizada há pouco mais de uma semana, foi criticada por não ter incluído a Ucrânia em suas discussões e por não avançar em direção a um acordo de paz. Contudo, o vice-presidente dos EUA, J.D. Vance, refutou a ideia de que Moscou estaria bloqueando um acordo, afirmando que a Rússia apresentou "concessões significativas" a Trump e demonstrou flexibilidade em suas exigências centrais.
As perspectivas de paz permanecem baixas. Lavrov, em entrevista transmitida pela emissora Rossia, acusou potências ocidentais de buscarem "pretextos para impedir negociações" e criticou Zelenski por sua "teimosia" em "impor condições e exigir uma reunião imediata" com Putin.
A guerra, que já dura três anos e meio e causou dezenas de milhares de mortos, encontra-se em um impasse. Nos últimos dias, a Rússia, que controla cerca de um quinto do território ucraniano, avançou no leste do país, capturando duas vilas na região de Donetsk no sábado (23). No dia seguinte, o chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Oleksandr Sirski, anunciou a recaptura de três aldeias na mesma região.
A Ucrânia, com recursos e armamentos inferiores aos da Rússia, depende do apoio de seus aliados, especialmente diante de críticas de Trump à ajuda militar externa. Neste domingo, a Noruega anunciou uma contribuição de aproximadamente 7 bilhões de coroas norueguesas (cerca de R$ 3,8 bilhões) em ajuda. O primeiro-ministro Jonas Gahr Støre informou que, em conjunto com a Alemanha, o país está garantindo "poderosos sistemas de defesa aérea" para a Ucrânia, incluindo o financiamento de dois sistemas Patriot e mísseis, além de radares e sistemas de defesa aérea.
Kiev tem utilizado drones como resposta à invasão, direcionando-os principalmente contra a infraestrutura petrolífera russa. No porto de Ust-Luga, próximo a São Petersburgo, 10 drones foram interceptados no Mar Báltico, causando um incêndio em um terminal petrolífero pertencente ao grupo Novatec.
Em comemoração à independência da Ucrânia, representantes como o enviado dos EUA, Keith Kellogg, e o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, estiveram em Kiev, pedindo "uma paz justa e duradoura". Zelenski agradeceu a líderes mundiais, incluindo Trump, o presidente chinês Xi Jinping, o rei Charles 3º do Reino Unido e o papa Leão 14, pelas mensagens de apoio.