Barroso defende imprensa contra desinformação e alerta sobre 'tribalização' digital

Publicado em 20/08/2025 às 12:23:35
Barroso defende imprensa contra desinformação e alerta sobre 'tribalização' digital

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, destacou a importância fundamental da imprensa na luta contra a desinformação e alertou para os perigos da "tribalização da vida" promovida pelas plataformas digitais. As declarações foram feitas durante o seminário "Liberdade de Imprensa e Poder Judiciário", em Brasília.

Barroso analisou que, embora a revolução digital tenha "democratizado o acesso à informação", ela também ampliou a circulação de conteúdo sem filtros. "O que tem custado um preço elevado à democracia é a tribalização da vida", observou, referindo-se a um cenário onde as pessoas não convergem em relação aos fatos e cada um constrói sua própria narrativa. "Da intolerância à violência, o passo é relativamente pequeno", lamentou.

Segundo o ministro, o papel da imprensa na construção de "fatos comuns" para a formação de opiniões está sendo "corroído". "Perdemos, no mundo atual, a capacidade de viver sob um parâmetro mínimo civilizado, que é a busca pela verdade — a verdade possível, no plural, mas sempre com sinceridade e boa fé. A imprensa tradicional precisa reocupar seu espaço no debate público", defendeu.

Em retrospectiva, Barroso ressaltou a atuação da imprensa no Brasil, especialmente durante a Ditadura Militar, e seu impacto pessoal. "Tenho uma relação muito profunda e imensa com o jornalismo. Despertei para a vida do Brasil com uma notícia de jornal, quando ocorreu a morte do jornalista Vladimir Herzog", compartilhou.

Sobre a atuação do STF, Barroso afirmou que a Corte adota uma "posição relativamente libertária em matéria de discussão e expressões artísticas", com exceção clara para o discurso de ódio, que é criminalizado com base na lei contra o racismo. Ele mencionou que o Supremo, com base nesse entendimento, criminalizou o discurso de ódio contra grupos vulneráveis, incluindo a homofobia, conforme decidido em um voto do ministro Celso de Mello.