Pré-acordo entre clubes para criação da Liga Brasileira avança, mas Flamengo resiste a termos comerciais

Um avanço importante na criação de uma liga única para organizar o Campeonato Brasileiro foi registrado nesta quinta-feira (12). Clubes dos grupos Libra e Liga Forte União (LFU) elaboraram um Memorando de Entendimento (MOU), que funciona como um pré-acordo. O documento estabelece os princípios de governança, estrutura e as diretrizes comerciais que nortearão um novo organismo gestor do futebol nacional a partir de 2030. No entanto, o texto enfrenta resistência do Flamengo, que se recusa a assiná-lo devido a divergências sobre os termos de distribuição de receitas comerciais.
A aproximação entre Libra e LFU, noticiada pelo jornalista Rodrigo Mattos do UOL Esporte, tem sido construída há meses por meio de negociações conjuntas, que envolveram, por exemplo, os direitos de transmissão da Série B e do Campeonato Brasileiro no mercado internacional. Essa convergência culminou na elaboração do MOU, que foi distribuído aos 40 clubes das Séries A e B com o objetivo de obter a assinatura de todos.
O pré-acordo é abrangente e prevê que, a partir de 2030 — data em que expiram os contratos vigentes —, os clubes passem a negociar coletivamente os direitos de transmissão, publicidade (como as placas de campo), marketing digital durante as partidas, entre outras propriedades comerciais. O modelo de divisão de receitas proposto se inspira nas fórmulas já utilizadas por LFU e Libra, combinando parcelas igualitárias, desempenho esportivo e critérios de audiência. Os detalhes específicos para a aplicação desses critérios, contudo, serão definidos em um momento posterior.
Além dos aspectos comerciais, o MOU estabelece um prazo de até seis meses para a estruturação jurídica da nova liga. O documento será analisado nas reuniões internas das duas organizações nas próximas semanas. Informações de bastidores indicam que a proposta geral encontra boa aceitação entre a maioria dos clubes.
Apesar da receptividade geral, o Flamengo se recusa a assinar o MOU em sua redação atual. A diretoria rubro-negra, sob a liderança de Luiz Eduardo Baptista (BAP), defende que o foco neste momento deveria ser apenas nos pontos relacionados à governança e à fundação da liga. A discussão sobre a parte comercial, na visão do clube, deveria ser tratada separadamente e em uma fase futura do projeto.
O principal ponto de discórdia para o clube carioca é a obrigatoriedade de negociar em bloco receitas nas quais o Flamengo possui ampla dominância. Isso inclui direitos de TV, publicidade em campo e receitas geradas por seus próprios canais, como a recém-lançada Flamengo TV. A diretoria argumenta que já foi prejudicada por modelos de divisão em acordos anteriores, como o firmado com a Globo, e teme novas perdas ao ver sua arrecadação diluída ao ser compartilhada com outros clubes sob um modelo de negociação coletiva obrigatória.
A postura do Flamengo tem gerado um certo desconforto entre membros da Libra e da LFU, que esperam a adesão de todos para consolidar a criação da liga.